Trecho retirado de um e-mail de quatro páginas, enviado à trupe d'O Teatro Mágico em abril de 2010.
(...)
Agora vamos ao motivo que me fez sentar em frente ao computador para escrever este texto: A apresentação do TM na Novela “Viver a Vida”, no horário nobre da TV GLOBO (ou Xanéu nº5). Pensei muiiiito sobre isso, de forma que construí argumentos positivos e negativos ao fato, e, sinceramente, não consegui acreditar que os prós compensaram os contras.
Sei que o projeto "O Teatro Mágico" cresceu magistralmente, a ponto de atrair a atenção de muita gente, foi a consagração do “acredite-se” que o Fernando Anitelli costuma dizer, e que escreveu no meu CD do Segundo Ato quando lhe pedi um autógrafo, no dia do lançamento, no vão livre do Masp, em junho de 2008.
Claro que as muitas pessoas tiveram contato com músicas perfeitas e de qualidade, o que é novidade se tratando de uma novela, e concordo que este fato seja positivo. Além disso, é uma vitória da música independente. Claro que significara mais espaço para o MPB.
Acho que eu sou muito saudosista por achar que todos deveriam conhecer o TM de forma mágica, como aconteceu comigo... Não é estranho que a 'Toda Poderosa Rede Globo' tenha aberto espaço para um grupo tão engajado com a arte livre? Ou será que eles nem sabiam disso? E quando “descobrirem” será que realmente esse espaço continuará aberto?
E para os que não conhecem o TM e são contra a Rede Globo e a massificação cultural, o TM será visto como parte do meio, parte do sistema alienador (uiii). E a essência? E Xanéu nº5? Bom, uma coisa é certa: nunca mais será usada como ilustração para o tema “Cultura de Massa” ou “Indústria Cultural” de uma aula de sociologia...
E as pessoas que viram esse projeto crescer, não é o meu caso, e sempre apoiaram a arte livre divulgada em meios livres, como é que ficam? A idéia de democratização cultural de vocês é aparecer na novela das oito da Globo?
Eu tenho muitas outras questões como essa sem respostas... Repito que pensei sobre todos os ângulos... Me emocionei ao vê-los na TV, mas alguma coisa me dizia que não era pra ser assim. Fiquei imaginado a trupe no Faustão, sem conseguir dizer uma palavra, com o balé lá traz fazendo as coreografias mais absurdas para as poesias mais sutis. Imaginei também o lançamento de uma rede de lojas, como aquelas que o Chiclete com Banana tem na Bahia, onde seriam vendidas as camisetas produzidas, agora em grande escala, porque a lojinha do Sr. Odácio não daria mais conta da demanda.
E se quando a turnê do terceiro CD terminar e vocês estiverem no auge da mídia, será que realmente considerarão a antiga de ideia de colocar um ponto final no projeto???
Não vou chamá-los de traidores do movimento, porque sei que tudo está em constante transição e devemos arriscar sempre. Vocês fizeram suas escolhas e agora devem responder por elas. Mas que eu ficarei muito triste em vê-los tratados como super stars em algum desses programas da tarde, ahhhh ficarei!
Deixo aqui o meu protesto, que já havia feito também pelo twitter, e os parabéns por esse trabalho que me ajudou a construir um pouquinho do que eu sou hoje e que sem o qual seria impossível montar a trilha sonora da minha vida.
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Agora vamos ao motivo que me fez sentar em frente ao computador para escrever este texto: A apresentação do TM na Novela “Viver a Vida”, no horário nobre da TV GLOBO (ou Xanéu nº5). Pensei muiiiito sobre isso, de forma que construí argumentos positivos e negativos ao fato, e, sinceramente, não consegui acreditar que os prós compensaram os contras.
Sei que o projeto "O Teatro Mágico" cresceu magistralmente, a ponto de atrair a atenção de muita gente, foi a consagração do “acredite-se” que o Fernando Anitelli costuma dizer, e que escreveu no meu CD do Segundo Ato quando lhe pedi um autógrafo, no dia do lançamento, no vão livre do Masp, em junho de 2008.
Claro que as muitas pessoas tiveram contato com músicas perfeitas e de qualidade, o que é novidade se tratando de uma novela, e concordo que este fato seja positivo. Além disso, é uma vitória da música independente. Claro que significara mais espaço para o MPB.
Acho que eu sou muito saudosista por achar que todos deveriam conhecer o TM de forma mágica, como aconteceu comigo... Não é estranho que a 'Toda Poderosa Rede Globo' tenha aberto espaço para um grupo tão engajado com a arte livre? Ou será que eles nem sabiam disso? E quando “descobrirem” será que realmente esse espaço continuará aberto?
E para os que não conhecem o TM e são contra a Rede Globo e a massificação cultural, o TM será visto como parte do meio, parte do sistema alienador (uiii). E a essência? E Xanéu nº5? Bom, uma coisa é certa: nunca mais será usada como ilustração para o tema “Cultura de Massa” ou “Indústria Cultural” de uma aula de sociologia...
E as pessoas que viram esse projeto crescer, não é o meu caso, e sempre apoiaram a arte livre divulgada em meios livres, como é que ficam? A idéia de democratização cultural de vocês é aparecer na novela das oito da Globo?
Eu tenho muitas outras questões como essa sem respostas... Repito que pensei sobre todos os ângulos... Me emocionei ao vê-los na TV, mas alguma coisa me dizia que não era pra ser assim. Fiquei imaginado a trupe no Faustão, sem conseguir dizer uma palavra, com o balé lá traz fazendo as coreografias mais absurdas para as poesias mais sutis. Imaginei também o lançamento de uma rede de lojas, como aquelas que o Chiclete com Banana tem na Bahia, onde seriam vendidas as camisetas produzidas, agora em grande escala, porque a lojinha do Sr. Odácio não daria mais conta da demanda.
E se quando a turnê do terceiro CD terminar e vocês estiverem no auge da mídia, será que realmente considerarão a antiga de ideia de colocar um ponto final no projeto???
Não vou chamá-los de traidores do movimento, porque sei que tudo está em constante transição e devemos arriscar sempre. Vocês fizeram suas escolhas e agora devem responder por elas. Mas que eu ficarei muito triste em vê-los tratados como super stars em algum desses programas da tarde, ahhhh ficarei!
Deixo aqui o meu protesto, que já havia feito também pelo twitter, e os parabéns por esse trabalho que me ajudou a construir um pouquinho do que eu sou hoje e que sem o qual seria impossível montar a trilha sonora da minha vida.
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