Um dia desses uma amiga me perguntou por que apesar de termos certeza de que “a pessoa certa” ou "o homem dos nossos sonhos" não existe, continuamos procurando.
Eu não sabia a resposta, mas me veio instantaneamente à cabeça um trecho do conto Perdoando Deus, do livro Felicidade Clandestina da genial Clarice Lispector, que talvez esclareça um pouco a questão...
Eu não sabia a resposta, mas me veio instantaneamente à cabeça um trecho do conto Perdoando Deus, do livro Felicidade Clandestina da genial Clarice Lispector, que talvez esclareça um pouco a questão...
"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva..."
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