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Na semana passada quando assisti Elefante (EUA, 2003 – Direção de Gus Van Sant) várias coisas me passaram pela cabeça. O ritmo lento do filme e os retalhos que são apresentados e que formam uma colcha após os 81 minutos do longa nos dão um bom tempo para reflexão.
A escola é uma das poucas instituições pelas quais todas as pessoas passarão um dia e durante a mesma fase da vida. Não importa quais sejam os lugares, cidades ou estruturas, o sentimento em relação ao termo ‘escola’ traz sempre muitas lembranças (boas ou ruins).
Deu pra reconhecer rostos familiares em cada um daqueles grupinhos apresentados: das minhas amigas que levavam estojos de maquiagens para as salas de aula ainda na pré-adolescência à nerd, que no meu caso era um menino a quem eu chamava carinhosamente de Watson, em referência ao companheiro do mais famoso detetive da literatura inglesa.
O filme deixa explícito o que muitos pedagogos tentam explicar aos pais que querem alfabetizar seus filhos em casa: na escola eles não aprenderão apenas Português, Matemática ou Ciências Sociais, mas também, e principalmente, aprenderão a conviver em sociedade e a respeitar regras.
Os conflitos sociais e psicológicos começam a surgir, no filme e na vida, quando alguns alunos percebem que além da instituição eles também podem estabelecer, paralelamente, as suas regras. Assim são formados os grupinhos, panelinhas e irmandades. Quando alguém não se encaixa em alguma delas, sente-se rejeitado pelo meio e é esta a principal questão que dá razão ao filme.
Foi essa sensação que levou os dois meninos a planejarem e executarem assassinatos em massa no colégio onde estudavam. Um presente incômodo e indesejado às pessoas que os rejeitaram a vida toda. Uma coisa enorme e incomum que não serviu para nada, porque matar as pessoas não apagou as lembranças das palavras e gestos de rejeição um dia sofridos. O ato foi um elefante. Branco.
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