Quando eu era criança, vira e mexe alguém me chamava de Bruna Lombardi. Eu não me incomodava, mas também não amava de paixão. Lembro-me de ter perguntado ao meu pai quem era essa moça e ele me explicou que era uma apresentadora de TV muito bonita e que tinha olhos claros como os meus. Me contentei com a informação.
Foi apenas quando entrou em cartaz o filme “O Signo da Cidade” que a minha apatia inicial se transformou: Que mulher linda e talentosa era aquela? Desde que vi o trailer do filme me apaixonei. Um enredo sobre São Paulo, abordando todos os ‘tipos’ que habitam esta cidade incrível. Sensacional.
No filme, Bruna interpreta Teca, uma astróloga que além de atender seus clientes em casa ainda tem um programa de rádio no qual aconselha seus ouvintes de acordo com os astros. Numa das primeiras cenas do filme, perguntam-lhe qual a sua profissão e ela responde: “Eu leio as estrelas”. Uma respostas tão sutil quanto poesia, que só poderia ser encontrada num roteiro bem trabalhado e baseado em conhecimentos concretos, o qual Bruna ajudou seu marido e diretor do filme, Carlos Alberto Riccelli, a construir.
Confesso que na minha mente se confundem atriz e personagem, mas como tudo é uma coisa só, tento separar as qualidades das duas e cada vez me identifico mais. Os olhos claros, o cabelo loiro e a postura de mulher bem resolvida após os 40 que Bruna empresta para Teca me fascinam. Mas não mais que a dedicação de Teca às artes esotéricas, a decoração do apartamento, as roupas e a vontade de ajudar a todos.
Sou leiga em psicologia, mas se algum dos meus amigos psicólogos ler este post poderá explicar melhor, ou não, o que essa situação representa no meu id, ego, superego, arquétipo ou inconsciente coletivo (rs). Falando sério, acredito que haja sim um estudo psicológico sobre isso, que deve seguir mais ou menos essa linha: todo o meu fascínio tem origem na minha identificação pessoal com a personagem e uma suposta projeção para quando eu tiver mais de 40 anos.
Logo, de certa forma, ver Bruna Lombardi interpretando a Teca me fez unir no presente, meu passado e meu futuro. E eu me senti lisonjeada, ainda que tardiamente, por todos os elogios que recebi, sem saber, no começo da vida, de todos que ligavam meu nome e meus olhos verdes a essa linda atriz.
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