12 fevereiro 2012

Ele merece todos os clichês. Gênio.

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Considero muito difícil a tarefa de falar sobre Machado de Assis sem cair no clichê de chamá-lo de gênio, de classificar a sua obra incrível ou colocá-lo no top três dos escritores brasileiros. Entretanto, tenho a obrigação de reverenciá-lo, não só como leitora, mas, principalmente, como pessoa que escreve.

A escolha de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” para a lista de leituras obrigatórias para a FUVEST 2013 me despertou o interesse em reler a obra. Comprei o livro e descobri que na verdade eu não o tinha lido por completo, ou se li, não guardei nada, porque a cada capítulo tive uma surpresa diferente. Melhor assim.


"Colega", Machado de Assis trabalhou nos principais
jornais brasileiros entre os séculos XIX e XX

Como apreciadora das figuras de linguagem, me deliciei com expressões como “dente do ciúme”, “diabrete angélico” e “a morte que batia a asa eterna”, entre outras, que apareceram entre as 209 páginas. 

Normalmente não concordo com citações fora de contexto, acho que perdem a força, sobretudo se tratando de prosa, mas separei algumas passagens do livro que me chamaram a atenção e que servem para dividir com vocês a genialidade de Joaquim Maria Machado de Assis:
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  • “Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do cego desejo, mas o asno da paciência, a um tempo manhoso e teimoso”. (Capítulo 15).
  • “Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes”. (Capítulo 27).
  • “A razão não podia ser outra senão o momento oportuno. Não era oportuno o primeiro momento, porque se nenhum de nós estava verde para o amor, ambos o estávamos para o nosso amor, distinção fundamental. Não há amor possível sem a oportunidade dos sujeitos” (Capítulo 56).
  • “Crê em ti, mas nem sempre duvides dos outros” (Capítulo 119).
Pra finalizar, admirei todos os pensamentos e conclusões geniais do escritor escondidas por trás do defunto-escritor e que, ainda hoje, 130 anos depois, podem ser observados no nosso cotidiano.

Porque eu duvido que alguém nunca tenha sentido o pensamento pular de um lado para outro que nem peteca ou que não tenha se rendido, ao menos uma vez, à filosofia das folhas velhas.
 
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