Com 18 anos eu nunca havia participado de nenhuma manifestação política efetiva, foi quando me deparei no Twitter, mais uma dessas maravilhas tecnológicas, com o movimento #ForaSarney, apoiado por várias personalidades artísticas e divulgado em outras mídias também. Derrubar do cargo de presidente do Legislativo, um coronel maranhense eleito pelo Amapá, que já fora presidente do país e contra o qual inúmeras denúncias haviam eclodido nos últimos tempos (nepotismo, favorecimento ilícito, atos secretos), me parecia uma boa causa. Mandei e-mail, informando sobre a manifestação, para todos os meus amigos, apenas um topou, e lá fomos nós para a Av Paulista. Pouco mais de 70 pessoas compareceram, e a maioria estava tímida e sem saber como agir. A imprensa cobriu, e os jornais criticaram, mas pra mim tudo bem, eu fiz a minha parte!
Agradeço aos que não desistiram da luta, e continuaram se reunindo mesmo com baixos contingentes. Eu só pude comparecer novamente no 5º, e para minha surpresa, o movimento havia crescido, centenas de pessoas compareciam, traziam faixas, narizes de palhaço, tinta para pintar o rosto (aquelas tradicionais faixinhas verde e amarelo), cartazes com todos os tipos de frases. Quando eu me vi já estava lá no meio, de nariz de palhaço, rosto pintado, apito na boca, cartaz na mão e entregando adesivos nos carros quando o farol fechava. Depois disso a manifestação seguiu em direção a Consolação, com gritos de protesto do tipo: “Você que ta olhando, o Sarney ‘ta te roubando!”, e terminou numa das paralelas da Av. Paulista, em frente ao prédio onde o Senador possui 4 apartamentos.
Eu gostei muito da experiência, me senti seguindo o conselho do Chico, aquele de ter “voz ativa”. Claro que apenas a manifestação não derrubará ninguém de cargo algum, mas eu acredito no efeito metástase e quem sabe alguém, com mais poder que um grupo de centenas de pessoas, se sensibilize e resolva mudar alguma coisa. Tínhamos que começar de algum lugar, e começamos!