02 setembro 2009

#ForaSarney

Com 18 anos eu nunca havia participado de nenhuma manifestação política efetiva, foi quando me deparei no Twitter, mais uma dessas maravilhas tecnológicas, com o movimento #ForaSarney, apoiado por várias personalidades artísticas e divulgado em outras mídias também. Derrubar do cargo de presidente do Legislativo, um coronel maranhense eleito pelo Amapá, que já fora presidente do país e contra o qual inúmeras denúncias haviam eclodido nos últimos tempos (nepotismo, favorecimento ilícito, atos secretos), me parecia uma boa causa. Mandei e-mail, informando sobre a manifestação, para todos os meus amigos, apenas um topou, e lá fomos nós para a Av Paulista. Pouco mais de 70 pessoas compareceram, e a maioria estava tímida e sem saber como agir. A imprensa cobriu, e os jornais criticaram, mas pra mim tudo bem, eu fiz a minha parte!

Agradeço aos que não desistiram da luta, e continuaram se reunindo mesmo com baixos contingentes. Eu só pude comparecer novamente no 5º, e para minha surpresa, o movimento havia crescido, centenas de pessoas compareciam, traziam faixas, narizes de palhaço, tinta para pintar o rosto (aquelas tradicionais faixinhas verde e amarelo), cartazes com todos os tipos de frases. Quando eu me vi já estava lá no meio, de nariz de palhaço, rosto pintado, apito na boca, cartaz na mão e entregando adesivos nos carros quando o farol fechava. Depois disso a manifestação seguiu em direção a Consolação, com gritos de protesto do tipo: “Você que ta olhando, o Sarney ‘ta te roubando!”, e terminou numa das paralelas da Av. Paulista, em frente ao prédio onde o Senador possui 4 apartamentos.

Eu gostei muito da experiência, me senti seguindo o conselho do Chico, aquele de ter “voz ativa”. Claro que apenas a manifestação não derrubará ninguém de cargo algum, mas eu acredito no efeito metástase e quem sabe alguém, com mais poder que um grupo de centenas de pessoas, se sensibilize e resolva mudar alguma coisa. Tínhamos que começar de algum lugar, e começamos!

A política na minha vida

Desde criança eu sempre me identifiquei bastante com movimentos políticos. Cresci assistindo pela tv as eleições, acompanhando políticos, e desejando crescer logo para poder votar e “fazer a minha parte”. Quando comecei a estudar a história política do Brasil, me deparei inúmeras vezes com manifestações das quais eu gostaria de ter feito parte, como a “Revolução Constitucionalista de 1932”, todo e qualquer ato rebelde à Ditadura Militar, o “Movimento dos Caras Pintadas”, etc.

Me lembro que há alguns anos, quando os deputados almejavam aumentar seus salários em 100%, houve uma manifestação no centro da cidade. Eu assistia pela tv, e não tive dúvidas, liguei para a minha mãe e disse: “To indo pro centro, mãe”, claro que ela não permitiu... Eu não tinha nem 15 anos, não sabia andar sozinha pela cidade e ainda por cima ia me meter no meio de um monte de baderneiros. “Não, não pode!”

Os anos passaram, tirei meu titulo de eleitor 20 dias após ter completado 16 anos, tentei me filiar a um partido em seguida, mas não pude. Votei pela primeira vez com 17 anos e foi uma felicidade incrível entregar meu titulo, digitar o número do candidato, apertar o verde e depois assinar abaixo do meu nome e RG. Finalmente eu me sentia uma cidadã completa.

Mas a situação política do Brasil não melhorou, pelo contrário, aqueles que sempre disseram que mudariam o país se estivessem no poder provaram que “político é tudo farinha do mesmo saco”, ao cometerem os mesmo erros dos outros, e com agravantes como a ganância e a falta de perícia. Como diz a máxima popular: “O Brasil é o país da piada pronta”, tirinhas pra quê? O noticiário político já é, por si só, divertido o suficiente!

Mais tempo se passou, e junto dele mais escândalos aqui no PaTroPi, as manifestações políticas eram programadas por grupos políticos com ideologias radicais, com as quais eu pouco ou nada concordava. Tive oportunidade de me filiar e participar ativamente de muitos partidos, mas não era pra mim, eu não acreditava naqueles discursos que conquistaram operários no século XIX, e que já estavam gastos. Eu quero idéias novas!

Conforme o tempo passa, ganhamos consciência, e eu nunca desisti de lutar pelo Brasil, e sempre que vejo algum desses escândalos repugnantes nos jornais penso comigo: “Será que eu terei de ir lá para mudar alguma coisa?!” E vou sim, mas não agora...