Espiritismo: a religião comunista
Não há jovem, interessado e antenado com o mundo, que não tenha se encantado, ao menos por alguns minutos, pelo Comunismo. Esse regime que ao longo da história ganhou tons revolucionários encanta pelo nobre objetivo de proporcionar uma qualidade de vida satisfatória e igualitária a todos os cidadãos.
Uma característica do regime comunista que sempre me chamou a atenção foi a ausência de uma religião. Claro que com o exemplo da Igreja Católica durante a Idade Média, não era de se esperar que um regime libertador se rendesse a uma instituição controladora. A negação de uma figura centralizadora também corrobora com a ignorância religiosa, mas a crença no supra-sensível é fundamental para o conforto psicológico de um povo, não só como desculpa para a desigualdade, mas principalmente para uma explicação questões metafísicas (o que estamos fazendo aqui? para que serve essa vida? pra onde vamos?). A mesma fé que aliena, também traz esperança e conforto espiritual.
Analisando os preceitos do comunismo e as religiões em voga atualmente no mundo, percebi uma semelhança incrível, e quase inimaginável, entre o comunismo e o espiritismo. Para os espíritas o fundamental é o amor, preceito difundido sobretudo por meio da caridade. Os espíritas empenham-se em fazer o bem e ajudar todos que necessitam, encarnados ou não. Não se apegam ao dinheiro ou a bens materiais, sobrevivem de contribuições ínfimas e doações dos freqüentadores aos centros.
Mais utópico do que o comunismo é imaginar um comunista espírita. As duas doutrinas se encaixam, mas essa junção não seria simples. O ceticismo dos comunistas me parece intransponível, tanto que a maioria deles é ateu, se não acreditam sequer em Deus, dificilmente acreditariam em vida após a morte, reencarnação ou pior: manifestações, incorporações e psicografias de pessoas mortas.
A doutrina exposta por Marx é essencialmente materialista. Sabemos que o mundo está em constante evolução e que as idéias agregam-se e transformam-se com o passar do tempo. O comunismo não está completo, acredito que ainda haja melhorias realizáveis e certamente uma delas será no campo religioso/espiritual, por isso “fica a dica” aos próximos sociólogos.
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Reflexões de uma apaixonada por sociologia que (ainda) não possui conhecimentos profundos na área. Curiosa e estudiosa, não tende ao vermelho nem ao azul e crê que todos somos um.