25 julho 2009

Um pouquinho de barroco

Eu nunca fui entusiasta do "Barroco", a linguagem, a confusão de idéias, as aparentes contradições, nunca me atrairam. O mesmo se aplica aos padres do século XVII que estavam no Brasil, imaginava suas pregações enfadonhas, hipócritas e pouco construtivas.

Então, hoje me deparo com um sermão do Padre Antônio Vieira no estilo Barroco conceptista. Além da qualidade literária inegável, me surpreendi com a verácidade do seu sermão... tão verídico e humano que se me dissessem tê-lo sido escrito nos dias de hoje, eu não exitaria em acreditar.

Confiram:

"Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!"
--

01 julho 2009

Um mini conto límpido e despretencioso

Um Mar (de Recordações)
(Bruna Moraes)

Fazia sol, a praia estava lotada. Mas nada, nunca, atrapalhava aquele momento mágico. Sentir a água salgada, e gelada, batendo em suas pernas, sempre lhe causava uma sensação impossível de se descrever, não parecia ser só física... era maior, quase astral.
Olhou para cima, havia um 'céu de brigadeiro', como dizia sua avó. Ahhhh! Sua avó... que sempre lhe levava á praia...
-Vovô, vovô!
Olhou para trás, era seu neto que lhe chamava.
É, o tempo passa.

--