22 janeiro 2013

Ohhhh, a Rádio Rock voltouuuu

Ilustração de bom gosto
Há cerca de um mês a Rádio Rock voltou ao dial paulistano. Estávamos órfãos de uma emissora que tocasse rock de todas as eras, do clássico ao que está sendo produzido nos dias de hoje e as novidades das antigas bandas. Quem curte o estilo estava até então restrito à Kiss FM, focada em classic rock, já que a Brasil 2000 e a Mit FM acabaram no último ano.

Além de recolocar o rock nas ondas médias, o mais legal deste projeto abraçado pelo UOL foi manter apresentadores antigos. Luka, Maia, Tatola, PH, Cadu, Eric... comandando os mesmo programas daquela época: Perdidos, Pressão Total, 89 minutos... Rola aquela nostalgia, saber?

Não sou das “mais velhas” e nem acompanhei muito destes anos ilustres que eu citei, mas a Rádio Rock marcou a minha infância. Era o único adesivo que o meu pai permitia que fosse colado no carro dele, onde o rádio sempre estava sintonizadana 89 FM e onde também nos divertíamos ouvindo os Sobrinhos do Athaíde.

Acho graça dos “mais jovens”, daquela galerinha que não curtiu os tempos áureos da Rádio Rock na década de 1990 – oficialmente ela virou pop em 2006, mas nos últimos anos já estava decante – e fica eufórica ao ouvir a sua música preferida do Green Day tocando no rádio.

Muito legal eles terem mantido o logo clássico e curti demais uma ilustração com uma fênix, a ave que ressurge das cinzas, envolvendo um violão. É bem isso.

17 janeiro 2013

Santa Sé.

Eu nunca fui a Roma e não conheço a Basílica de São Pedro – embora já tenha visitado diversas vezes a sua descrição no meu exemplar do Guia Michelin – mas imagino a sensação de pequenez que quem entra ali deve sentir. Aliás, o tamanho dos seus templos era uma forma de a Igreja Católica demonstrar seu poder na Idade Média. Apesar das intenções dela serem absolutamente refutáveis, não podemos julgá-la por tentar demonstrar com as suas construções o tamanho do poder divino.

O prólogo foi longo, mas finalmente consigo chegar onde eu queria: eu nunca fui a Roma, mas já passei diversas vezes pela Catedral da Sé. Ok, além do nome da “Santa Sé”, poucas coisas elas têm em comum, mas essa sensação de pequenez que eu descrevi sobre o templo romano é o que sinto quando visito aquela igrejinha do centro de São Paulo. Ela é linda. O projeto atual é novo, tem cerca de 60 anos, mas foi inspirado em igrejas medievais e tem um mobiliário autenticamente italiano.

Ela sempre está rodeada por doidões, mas
todo ano no dia 21 de agosto, vê milhares
dr doidões raulseixistas se reunirem ali
Não sou católica, mas aprendi a rezar o “Pai Nosso” e a “Ave Maria” quando criança, e não esqueci. Por isso, sempre que posso, entro lá para dar uma rezadinha e conversar com Deus. Na verdade, muitas vezes desvio o meu caminho para fazer isso e converso sim com o Deus, porque Ele é o mesmo de todo mundo, ou ele é todo mundo, tanto faz.

A Catedral me faz sentir pequena, repito. Passei muito tempo querendo entrar ali e só observando-a por fora. Ela já parecia grande, mas por dentro, é outra história.

Ela é um gigante de pedra. Meu olhar se perde ali dentro, abismada com as curvas, arcos e outros detalhes que o Jorge (meu professor de História da Arte) me ensinou a adorar. Outro dia vi um moço arrumando flores entre os bancos, em cima de um tapete vermelho. Era sábado à tarde, à noite deveria rolar um casamento. Penso na honra que deve ser realizar esse tipo de celebração ali, naquele lugar lindo.

A Catedral é um dos meus lugares preferidos da Capital (juro que em breve faço um post com o top 5), não só a construção em si, mas todo aquele entorno. Ali é o marco zero da cidade e bem naquela praça – a famooooosa Praça da Sé – acontece todo ano, no dia 21 de agosto – a chegada da Passeata em homenagem ao meu ídolo Raul Seixas. São muitas emoções vividas ali nos últimos anos, em torno de um monte de doidões gente boa ouvindo e tocando Raul.

16 janeiro 2013

Eu lembrei de contar a história do último post porque li nessa semana, com uns meses de atraso, admito, o livro “Nunca fui santo”, que o Mauro Beting escreveu com base no depoimento de São Marcos.

"PQP é o melhor goleiro do Brasil!"
Achei o livro emocionante, embora esperasse um pouco mais de detalhes pessoais e menos estatísticas. Como já era de se esperar, no papel, o depoimento ficou menos carismático do que nos meios audiovisuais, em que estamos mais acostumados a vê-lo.

O cara é o maior ídolo da minha geração. Foi o protagonista das conquistas em que eu mais vibrei. Vê-lo relembrando a campanha vitoriosa do Palmeiras na Libertadores de 1999 e os bastidores da defesa do pênalti do Marcelinho na semifinal da competição do ano seguinte – que foi tão comemorada como se fosse um título – encheu meus olhos de lágrimas. Além do riso incontido com as histórias divertidíssimas de sempre. Figura.

Destaco um momento que eu achei surpreendente: no capítulo sobre a Copa de 2002, São Marcos relembra que após a vitória sobre a Inglaterra nas quartas de final, o Felipão disse que, embora não fosse a mesma coisa, aquela vitória tinha um gostinho de revanche do Mundial de Clubes de 1999, em que o Palmeiras foi derrotado pelo Manchester United. Além do goleiro e do treinador, outros quatro integrantes da Seleção defendiam o Verdão na disputa contra a equipe inglesa.

No final do livro, percebi que além de meu ídolo como goleiro, ele também faz parte de um grupo de pessoas que eu admiro independentemente da profissão: aquelas que correm atrás dos seus sonhos. O menino palmeirense que jogava bola nos campinhos de terra batida de Oriente trabalhou muito conseguiu se consagrar no clube de coração e entrar para um hall restrito de ídolos do time do Palestra Itália.

Lendo a história dele fica nítido que nada acontece por acaso, que tudo na vida tem um porquê e que não existe acaso.

15 janeiro 2013

Com o Marcão, pode.

Por muito tempo - desde os 12 anos de idade quando eu decidi que queria ser jornalista e trabalhar com esporte – eu fui atormentada por tios, tias, amigos, conhecidos e vizinhos que me diziam que, para trabalhar com isso, eu teria que deixar o fanatismo de lado, teria que deixar o Palmeiras de lado para ser imparcial.

De certa forma, isso aconteceu depois que pisei pela primeira vez em uma redação de esportes. Em parte porque eu acreditava mesmo que sendo fanática, não conseguiria ser uma boa profissional. Ainda acho que isso é verdade, mas de uma forma mais ampla: todo fanatismo atrapalha e nunca vale a pena.

Não deixei de torcer pelo meu Palmeiras, embora a ansiedade tenha diminuído bastante. Na verdade, o que aconteceu foi que optei por não prestar muita atenção para não sofrer – e assim não demonstrar sofrimento. Mas foi na redação, e nas cabines dos estádios, que eu percebi que todo jornalista torce, por mais que não escreva, não fale ou não sinalize isso. Ser profissional não é não torcer, é conseguir fazer um bom trabalho mesmo torcendo.

A camiseta explica o momento: "groupie"
No entanto, se eu conseguia (e consigo) camuflar toda essa palmeirenssisse, o que eu nunca consegui foi esconder o carinho imensurável pelos meus ídolos. Os grandes jogadores que vestiram a camisa verde e branca seguem uma ordem hierárquica de idolatria no meu coração, em que a primeira posição é dividida por Felipão, Edmundo e Marcos.

Sempre imaginei o que eu faria se encontrasse com um dos três, antes e depois de “virar” jornalista. O único que eu encontrei até agora foi São Marcos. Da primeira vez que o vi, nada pude fazer além de segurar o gravador – estava no prédio da administração do Palestra, ao lado de onde será construída a nova Arena, numa coletiva sobre um programa de sócio-torcedor. Lembro dele, com um copo de cerveja nas mãos, dizer para os jornalistas: “gente, preciso ir no banheiro, mas to aí, viu?”, provando que aquele carisma da TV era real (não que eu tenha duvidado disso em algum momento).

Da segunda vez, foi tudo previamente programado. Eu sabia que ele seria o convidado do Mesa Redonda e que o horário de chegada dele bateria com o meu de saída do plantão, apenas cinco andares acima. Desci.

A tietagem não durou muito tempo, apenas um beijo e uma foto, o suficiente para encher esse coração palmeirense de alegria.

O momento foi gravado e acabou virando sinônimo de “tietagem” também no Gazeta Esportiva do dia seguinte. Fiquei envergonhada e até hoje não tive coragem de ver. Levei bronca de um colega de trabalho, mas todos os outros, inclusive os chefes, passaram a mão na minha cabeça: com o Marcão, pode.