07 março 2011

Nem oito nem 80

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Longe de mim defender o Carnaval. Como roqueira chata que sempre tive orgulho de ser, a festa do samba, do frevo, do forró e de tantos outros ritmos ‘tipicamente brasileiros’ pra mim não passa de mais um feriado nacional.

 

Este editorial, lido pela jornalista paraibana Rachel Sheherazade, pipocou diversas vezes na minha timeline nos últimos dias, vídeo compartilhado por diversas pessoas. Assisti. Não tem como discordar da visão dela, mas se ela estava criticando o paradigma de que o Carnaval é uma festa popular, acabou apenas criando outro dizendo que o Carnaval é uma festa para ricos. Não, nem oito nem 80.

As grandes verdades
1ª) Ela diz que o Carnaval não é uma festa genuinamente brasileira por ter surgido na Europa. Seguindo essa linha de raciocínio o Brasil também não é o país do futebol. 2ª) O Carnaval é uma festa dos ricos, não é uma festa popular. Bom, então se julgarmos só pelo fato de existirem locais que cobram caro por suas festas nenhuma será popular. Nem o Natal.

Pão e Circo
Ela diz com propriedade “milhões de reais são gastos para garantir o circo à população que não tem se quer o pão”, a referência está perfeita e é isso mesmo, o Governo proporciona diversão a população para que não se preocupem com ‘as coisas sérias’, foi assim na Roma antiga e não evoluímos muito. Está errado? CLARO que está! Mas essa é uma questão muito distante do Carnaval...

Bandas
Quanto aos artistas cobrarem por suas apresentações, o que tornaria a festa menos popular, não preciso nem comentar, né? Ou será que ela está lendo esse editorial de graça, paga apenas pelo bem moral que está fazendo ao público ao lhes abrir os olhos para ‘o verdadeiro Carnaval’? Não, não está. Ninguém trabalha, nem deve trabalhar, de graça.

A música
Ela se indigna com a boa música sendo calada por hits do momento. Parece que é uma ação automática à chegada do Carnaval e que não acontece em outras épocas do ano. Balela. Hits ridículos tocam o ano todo e por um só motivo: porque as pessoas gostam!

Segurança e saúde
Não vejo qual o absurdo em ambulâncias trabalharem nos locais da festas de Carnaval. Se há concentração de gente, a probabilidade de acidentes é grande. O sistema de saúde brasileiro também está longe de ser razoável, mas se essas unidades de emergência não estivessem presentes nessas áreas o problema seria muito maior. O mesmo se aplica à segurança.

Economia
Contra fatos não existem argumentos: a renda dos comerciantes ambulantes aumenta em dias de festa, pois há uma maior circulação de pessoas pelas ruas. Isso não quer dizer que os ambulantes não trabalham o resto do ano ou que é uma maravilha que resolve todos os problemas, é só um fato que não deveria ser tratado como absurdo.

Resultados da festa
As pessoas só bebem, transam sem camisinha e engravidam no Carnaval. Só no Carnaval. Hipocrisia.

Como conclusão, acho que valeu pela lembrança de que nem tudo é festa no Carnaval. Mas também, reitero, não é o absurdo pintado por este editorial. Num próximo post escrevo as minhas impressões sobre a festa, já que neste apenas refutei os argumentos da minha colega paraibana. Essa mania de jornalista achar que pode falar com propriedade sobre tudo é um problema...
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