04 novembro 2010

Ser panela sendo tampa

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Por esses dias lembrei de um pensamento da infância: eu tinha plena convicção de que todos nós possuíamos uma alma gêmea, a tampa da nossa panela, alguém já pré-definido antes do nosso nascimento, com quem nos encontraríamos aqui na Terra e ao lado de quem seriamos felizes.

Eu considerava, muito seriamente, que só haveria um homem que uma mulher amaria de verdade e vice-versa. Por isso, quando assistia nas novelas casos de triângulos amorosos, ficava sem entender... Por que aquela mulher insiste em ficar com o Juvenal se ele já é casado, e amado, pela Janaina?

Precisou a adolescência chegar para eu me dissuadir dessa verdade tão insipiente. Pensei, observei e entendi. Talvez haja mesmo algum pré agendamento celeste para questões do coração, mas quem disse que os seres humanos gostam de respeitar regras?

Hoje eu sei que se apaixonar pela tampa da panela do vizinho não é nenhum absurdo. Absurdo seria uma panela ter encaixe pra duas tampas.

Não adianta querer achar razão para o coração nem mesmo fazê-lo entender que há o certo e o errado. Não há anel de metal, papel assinado ou palavra dita diante de figuras simbólicas que contradigam o valor de um olhar, de um sorriso ou de um abraço.

Certo dia, me disseram que os humanos ainda não conseguiram superar as questões emocionais. Isso é verdade. A paixão domina como nenhum outro sentimento, a ponto de cegar. É tão irresistível e tão grande que não há quem seja capaz de atirar a primeira pedra por já não ter feito uma loucura apaixonada...

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