12 outubro 2008

Carta ao Renato Russo

"Querido Renato,

Como vão as coisas por aí? Tudo em Paz? Acredito que nesses 12 anos já deu tempo de se habituar a essa nova existência no mundo no qual você se encontra. Aposto que antes de chegar aí você passou boa parte do tempo (?) na biblioteca ( já me disseram que ela possui uns livros ótimos com segredos que provavelmente nem sequer seriam entendidos nesse denso mundão no qual vivo).

Chega de enroloção, não quero tomar muito do seu tempo eterno. Estou escrevendo para te agradecer por tudo o que sua obra representa em minha vida.Você pode ter ido, mas ela é eterna. Acredito que esse seja o grande barato de se tornar um ídolo. Essa quase imortalidade, essa energia que ainda circula com as composições mesmo anos depois da morte de seu autor, é invrivel!

Raul disse que “Os homens passam, as músicas ficam”, e cada vez eu tenho mais convicção da realidade dessas palavras. Mesmo não tendo feito parte da geração que curtiu a Legião, eu não saberia contar a história da minha vida sem colocar várias de suas músicas como trilha sonora.

Ahhh Renato, você não tem idéia de coro era legal, quando criança, ouvir “Faroeste Caboclo” e “Eduardo e Mônica” com meu pai! Eu era apaixonada por essas músicas! E “Pais e Filhos”? Não tenho idéia de quantas vezes já a ouvi, é uma das preferidas do meu pai, então eu fui obrigada a ouvi-la inúmeras vezes, até cansar!

É, mas eu não deixei por menos, anos mais tarde ele foi obrigado a ouvir comigo o CD “As Quatro Estações ao vivo” todos os dias, durante mais ou menos uns três meses.

As minhas músicas preferidas sempre foram as mais doces, não necessariamente as que falam de amor, mas as que falam da vida, com aquele entusiasmo que só você conseguia musicar, sabe?

“Pra que esperar se podemos começar tudo de novo, agora mesmo?” só essa frase já vale por qualquer livro de auto-ajuda. Bom, eu pelo menos quando escuto essa música fico louca pra sair correndo consertando o mundo á minha volta.

Não vou dizer que tudo foram flores na minha relação contigo. Confesso que algumas vezes me peguei pensando que você só fazia determinadas coisas pra aparecer, que era muito estrela, que isso, que aquilo, mas logo passava, tem sempre que passar, os prós compensam os contras ;]

E ai, já descobriu quem inventou o amor? Se conseguir descobrir, manda a fórmula pra cá, estamos precisando! Talvez você não estranhasse o jeito que este mundo está, mas provavelmente sofreria muito por ver as mazelas da humanidade. Mas acho que se surpreenderia ao perceber que algumas de suas músicas compostas nos anos 80 ainda se encaixam perfeitamente na realidade.

Então é isso. É tão estranho comemorar “aniversário de morte”, por isso escolhi esse jeito irreverente de te prestar uma homenagem.
Você faz falta e estava certo: os bons morrem antes, cedo demais.

Valeu por tudo mais uma vez.
Vai com os anjos."

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